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Prefácio para "Requiem"
De vez em quando recebo e-mail de pessoas pedindo roteiros dos vários
shows para os quais escrevi. Na ocasião lidei com estes pedidos
postando os roteiros em questao; vc pode encontrar eles na seção
"Teleplays" do meu website.
Estou ciente há tempos que há uma grande legião
de fãs de Caverna do Dragão, produzindo pela
Marvel Productions para a rede CBS de 1984-85. Era um bom show, e
eu ainda tenho boas memorias de escrever para ele (um evento muito
raro e maravilhoso, ainda mais quando você escrevu muito para
a televisão como eu). Mas não é isso por que
estou postando este roteiro..
Como a terceira temporada de Caverna estava para encerrar, Karl Geurs,
o produtor da série e editor das histórias, me avisou
que a CBS estava pensando em fazer um episódio que "encerraria"
a temporada. Isso é bem comum hoje em dia, mas era praticamente
inédito naqueles tempos, ainda mais em animação.
Estava decido que o episódio (batizado de "Requiem"
-- eu não lembro se esse título foi dado por Karl ou
por mim, mas isto realmente não era bem de acordo com o roteiro
quando escrito. Eu queria chamar ele de "Redenção",
mas a CBS achou que este titulo dizia demais) deveria terminar num
tom que era ao mesmo tempo ambíguo e triunfante para cobrir
todas as possibilidades, por que ao mesmo tempo em que estávamos
fazendo o roteiro, não sabíamos se o desenho seria renovado
para uma quarta temporada ou não. De acordo com Gary Gygax,
o co-criador da série, a idéia era para "Réquiem"
ser usado como um trampolim para uma nova abordagem do desenho, em
que os garotos deveriam ser mais autoconfiantes e não dependentes
de suas armas. Infelizmente, problemas com a TSR, a proprietária
de Caverna do Dragão, finalmente mataram os planos para uma
nova temporada, e "Requiem" foi colocado de fora do quadro
de produção.
Fiquei desapontado, mas não muito surpreso -- Roteiros para
TV "órfãos" não são nenhuma
raridade, e ou se aprende a lidar com o desapontamento ou procure
outro ramo. Já que "Requiem" tinha sido comprado
e pago (mas não produzido), eu guardei ele em um dos dos sessenta
volumes onde estão todos os roteiros que escrevi, produzi ou
editei desde que comecei a escrever para viver vinte e seis anos atrás.
(Anos depois escrevi um episódio de Sliders com o
mesmo título, mas esta tinha nada em comum com a história
apresentada aqui). E ali ficou, na estante do meu escritório,
por mais de uma década...
Até eu receber vários emails recentemente, e a essência
de todos eles era sobre rumores abundando pela rede sobre um último
episódio do desenho, que foi escrito e nunca produzido, ou
produzido e nunca exibido, em que nós descobrimos que os garotos
os garotos morreram no brinquedo que supostamente os levou para outro
mundo, e eles estão, na verdade, aprisionados no Inferno sendo
castigados em uma fantasia complexa (como se apenas estar no Inferno
não fosse tormento o suficiente) pelo Demônio disfarçado
como o Mestre dos Magos, e eu tenho alguma opinião para dividir
com as massas sobre isso?
Sim: é uma baboseira sem sentido.
Não existe tal episódio, até parar para pensar
mostra isso. Caverna do Dragão era um tanto sombrio, inquieto
para seu tempo -- tipo um Gargoyles dos anos oitenta -- e
isso se deve a Judy Price, a então presidente da Programação
Infantil da CBS, por dar uma chance nessa direção e
não seguir no caminho seguro, evitando fazer mais um clone
de Ursinhos Carinhosos para por no ar no lugar. Nós
levamos o desenho o mais longe quanto você poderia levar algo
num programa para crianças naquela época; por exemplo,
o roteiro de "Cemitério dos Dragões" (um episódio
da segunda temporada que escrevi) em que os garotos pretendem matar
o Vingador para poderem encontrar um caminho para casa, causou uma
verdadeira guerra contra o departamento de censura interna da emissora
("Broadcast Standards and Practices"). As chances de um
episódio como o descrito lá em cima ir além de
três frases introdutórias eram - e ainda são -
tão viáveis quanto o Super-Homem arrotar kriptonita.
Mas eu acho que apenas este meu texto não teria muito efeito
nos boatos. Então decidi dar as provas além da minha
palavra apenas. Aqui, então, está "Requiem",
o misterioso e muito debatido episódio final de Caverna
do Dragão -- o primeiro rascunho, terminado em 18/5/1985.
Espero que ele cumpra as (justificadas) espectativas. Se cumprir,
estarei lisongeado. Se não, minhas desculpas -- mas tente manter
em mente um mantra que sempre me serviu todos estes anos: "Isso
é só televisão"
(Texto publicado originalmente em http://www.mindspring.com/%7Emichaelreaves/Reqpreface.html (atualmente fora do ar). Tradução de Mushi-san, mais acréscimos de Cliff, Denise Brazys e Kei-kun.)
Réquiem
"Requiem", por Michael Reaves - versão para o português de Silvia Rodrigues.
ATO
UM
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FADE IN:
PLANO DOS SONHOS
Um platô surreal, árido e monótono, envolvido em
neblina. Ao fundo, indistintamente, vislumbram-se monolitos de basalto
entre a névoa, que sugerem enormes dólmens e menires, como
os de Stonehenge. Não se pode dizer se é dia ou noite, a
própria névoa cinzenta parece luminosa. Ouvem-se ventos,
distantes.
MESTRE DOS MAGOS
- Vingador?
De outro ângulo, vê-se que o Mestre dos Magos encontra-se
no meio daquela desolação, olhando em volta. Ele não
está com medo, no entanto não parece entusiasmado em estar
ali.
VINGADOR
- Velho, estou aqui.
O Mestre dos Magos se vira a tempo de ver um raio mágico atingir
um monolito. Ele racha de um lado ao outro, revelando o Vingador em meio
à névoa rodopiante. Ele baixa os olhos até o Mestre
dos Magos.
VINGADOR
- Você é um idiota, Mestre
dos Magos.
O Mestre dos Magos levanta uma sobrancelha educadamente, mas não
responde.
VINGADOR
- Seus pupilos estão condenados
a falhar. Eles são bravos, mas apenas porque sabem que
você os apoia.
MESTRE DOS MAGOS
- Não. Eles podem triunfar sobre
qualquer coisa no Reino - como você bem sabe. Eles não
vão falhar.
O Vingador faz uma carranca, então sorri astuciosamente, como
se uma idéia acabasse de lhe ocorrer.
VINGADOR
- Bem, então.... talvez você
não oporia a um teste de sua coragem?
O Mestre dos Magos mostra prudência.
VINGADOR
- Vamos ver quão bravos eles são
quando você for embora. Se eles tiverem sucesso, eles acharão
a Chave.
MESTRE DOS MAGOS
- E se eles falharem... o que perdem?
O Vingador ergue um punho estalando com poder Kirbyesco (n.t.: de
Jack Kirby, criador dos 4 Fantásticos).
VINGADOR
- Tudo. As armas.... e as vidas.
O Mestre dos Magos balança a cabeça e junta as mãos.
MESTRE DOS MAGOS
- Então, que assim seja.
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CORTE ABRUPTO PARA:
CHARNECAS (n.t.: terrenos alagados) - DIA
Sibilando, as sete cabeças da enorme Hydra chicoteam em nossa
direção. Bobby, Hank, Eric, Diana, Sheila, Uni e Presto
correm por suas vidas através de uma vastidão lamacenta
de charnecas pantanosas com a Hydra em perseguição.
GAROTOS
- Cuidado! Corram! Lá vem ela! (etc..)
A Hydra ruge, avançando pesadamente, grande o bastante para esmagar
pequenas árvores sob seus pés, suas cabeças estalando
e sibilando para os garotos
ERIC
- Faça alguma coisa, Hank! Você é o líder!
Hank pára e dispara uma flecha de energia em direção
à Hydra. A flecha se enrosca nos pescoços da Hydra, enlaçando-os
por um instante. Mas a Hydra quebra os laços brilhantes e continua
vindo.
HANK
- É muito forte!
Enquanto Eric corre, uma das cabeças o alcança e o agarra
pela capa, erguendo-o.
ERIC
- Socorroooo!!!!
Bobby pára e atinge uma árvore morta com seu tacape, soltando
suas raízes. A árvore começa a balançar.
BOBBY
- Madeiraaaa!!!
A Hydra continua segurando Eric com uma de suas mandíbulas. A
árvore cai e a cabeça se afasta, libertando Eric, que cai.
A Hydra sibila, enquanto no chão, Eric se debate na lama. Ele rola
e arrasta-se para fora do caminho de outra cabeça na hora certa,
escapando.
ERIC
- Essa coisa tem mais cabeças que Tiamat!
Diana se esquiva de uma cabeça e salta sobre outra.
DIANA
- Não há lugar para se esconder! Ela vai nos pegar,
cedo ou tarde!
Presto, Sheila e Uni são encurralados contra uma pequena afloração
de rocha por duas cabeças sibilantes e serpenteantes. Presto não
tem espaço para usar seu chapéu.
PRESTO
- Ela nos encurralou!
UNI bale com medo. Bobby levanta seu tacape sobre sua cabeça.
BOBBY
- Eu já estou indo mana!
Uma cabeça investe e agarra o tacape de Bobby, erguendo-o do chão.
Ele balança, indefeso.
BOBBY
- Ahhh!!
Eric se arrasta de quatro pelo chão pantanoso. Não há
nada engraçado nisso, ele está rastejando pela sua vida.
Então ele olha para cima e sorri com alívio repentino.
ERIC
- Tudo bem! Tudo vai ficar bem agora!
Eric aponta. Hank e Diana recuam cautelosamente perante outra cabeça
serpenteante. Diana a mantém longe com sua vara. Hank tem uma flecha
preparada. Eles arriscam um olhar para cima e também sorriem com
alívio.
HANK
- Mestre dos Magos!
O Mestre dos Magos se encontra sobre uma saliência de rocha, olhando
para baixo, para seus pupilos, os quais estão arranjados em um
semicírculo com a Hydra no meio, suas cabeças balançando
na ponta de seus pescoços serpenteantes.
GAROTOS
- Mestre dos Magos, nos ajude! Tire-nos dessa! O senhor vai dar
um jeito, não vai?
O Mestre dos Magos olha para baixo com uma espressão carrancuda.
MESTRE DOS MAGOS
- Vocês entraram nisso sozinhos, meus jovens amigos...
A expressão do Mestre dos Magos está mais do que carrancuda
agora, está dura, impiedosa.
MESTRE DOS MAGOS
- Agora, saiam sozinhos!
Ele se vira e pula da saliência, saindo da vista dos jovens. Eric
olha perplexo para cima, sem crer e se desespera.
ERIC
- O quê?!
Eric dá um pulo de medo quando ouve o rugido da Hydra, que se
aproxima rapidamente dele. Hank mergulha, jogando Eric no chão,
fora do caminho de mais uma cabeça. Hank levanta Eric, que tem
um expressão de quem se sente profundamente traído.
ERIC
- Eu não acredito! Ele nos desertou!
A Hydra ruge novamente.
HANK
- Nós vamos nos preocupar com isso mais tarde, se
houver um mais tarde!
Ele dispara três flechas de energia em rápida sucessão.
Enquanto isso, Presto, Sheila e Uni continuam acuados pelas cabeças
da Hydra. Uma flecha acerta a rocha que está ao lado deles, criando
uma fissura através da qual eles se arrastam. Uni bale de medo.
A segunda flecha atinge o tacape de Bobby, ainda pendurado por uma das
cabeças da Hydra. O impacto o liberta, ele cai e corre. Diana repele
com esforço outra cabeça com sua vara. A terceira flecha
explode com um clarão diante dos olhos da Hydra, fazendo-a recuar,
com surpresa.
Diana salta sobre uma pequena rocha e corre. Os garotos se reagrupam,
armas prontas diante dos movimentos ameaçadores que a Hydra faz
novamente em direção a eles. Uni se aperta junto a Bobby.
SHEILA
- Ela continua vindo! O que vamos fazer?
Hank olha em volta em desespero, então aponta para algo ao longe.
HANK
- Por esse lado! Vamos!
Hank começa a correr. Numa visão geral, vêem-se os
garotos correndo, tropeçando em raízes e em trechos de lama,
chapinhando através de poças doentias, ficando com suas
roupas presas em arbustos. Seus rostos estão amedrontrados. Uni
galopa com eles. A Hydra está nos seus calcanhares enquanto eles
correm por suas vidas. Os olhos de Hank estão fixados em algo à
frente. Por trás dele uma das cabeças quase o alcança.
Logo à frente, um brejo com aparência repulsiva surge com
uma grande poça de água verde e viscosa que parece capaz
de matar bacilos da peste bubônica. Os garotos correm direto em
sua direção.
HANK
- Preparem-se...
Os garotos e Uni chegam na borda do brejo.
HANK
- Agora! Espalhem-se!
Eles correm cada um para um lado, correndo ao longo das bordas do brejo,
ao mesmo tempo em que a inércia da hydra a leva direto para o atoleiro.
Sibilando, a hydra cai no brejo com um grande "splash"! Lama e limo são
arremessados pra todos os lados. A hydra afunda no brejo, debatendo-se
inutilmente, suas cabeças arremetendo e se torcendo futilmente
enquanto ruge e sibila raivosamente.
Os garotos se reagrupam na borda do brejo, fora do alcance da hydra.
Eles estão exaustos, sujos de lama, sem fôlego. Presto cai
de joelhos. Bobby segura o manto de Sheila. Diana se apoia cansadamente
em sua vara. Uni se estica na lama. Hank se inclina, também sem
fôlego, as mãos nos joelhos.
HANK
- Conseguimos. Ainda estamos vivos.
Eric tem uma expressão carrancuda.
ERIC
- É, e não foi graças ao Mestre dos Magos.
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CORTE PARA:
PLÁNÍCIES DE SAL - ENCRUZILHADA - TARDE
Os dois sóis estão baixos no horizonte, deixando as planícies
de sal avermelhadas. Os garotos, parecendo ainda pior do que cansados,
estão em uma bifurcação da estrada através
dos campos, nenhuma das duas é particurlamente atraente, apesar
de que a que vai em direção ao leste parecer mais usada.
Um poste de velha madeira cinzenta está colocado na bifurcação.
Uma das placas está caída, a outra balança de um
prego enferrujado, apontando para o céu. Presto olha pra ela.
PRESTO
- De acordo com esta placa, as Montanhas de Fogo são....
nesta direção.
Ele aponta para cima, imitando a placa. Bobby pega a outra placa, esfrega
um pouco da geada que há nela e lê.
BOBBY
- Esta direção para o Mar das Tristezas
Sheila olha para as duas estradas.
SHEILA
- Que ótimo. Qual estrada vai para onde?
Eric parece muito deprimido.
ERIC
- Quem se importa? Isso não significa nada.
(pausa)
- Eu não posso acreditar que ele nos abandonou daquela
maneira.
Eric se encaminha para a estrada do leste. Hank se dá conta de
que é sua responsabilidade tomar uma decisão. Ele olha de
uma estrada para a outra e então aponta para a estrada do oeste.
HANK
- Nós vamos para o oeste, Eric.
Eric apenas olha para ele. Ele não faz nehum movimento para retornar.
ERIC
- Por quê?
HANK
- É descida. É mais provável que achemos
água.
Eric volta para a bifurcação, olhando para Hank. Ele franze
o cenho. Os outros assistem apreensivos, sentindo a tensão.
ERIC
- O outro caminho tem uma estrada melhor, deve levar a uma cidade.
Hank, algo impaciente, mas tentando se manter calmo:
HANK
- Eu sou o líder, Eric. Você mesmo disse isso antes,
lembra?
Eric fica de frente para Hank, encarando-o.
ERIC
- Eu estava sob um bocado de pressão naquela hora. Talvez
eu veja as coisas mais claramente agora.
(pausa)
- Talvez seja a hora de termos uma pequena votação.
O que você diz, Presto?
Eric se vira para Presto em busca de apoio. Presto olha para os outros
nervosamente.
PRESTO
- Ahn, bem, a estrada do leste realmente parece melhor.
Bobby fica ao lado de Hank, assim como Uni. Diana já está
ao lado dele.
BOBBY
- Ah, é? Bem, eu penso que a estrada do oeste parece melhor.
Uni olha para Eric desdenhosamente.Sheila parece incerta e, como sempre,
ela tenta mediar.
SHEILA
- Agora espere um minuto, Bobby...
Bobby a interrompe.
BOBBY
- Fica fora disso, mana!
Sheila, atordoada, dá um passo para trás, o que a põe
mais perto de Eric. Uma discussão violenta começa, os garotos
gritam, apontando dedos uns para os outros acusadoramente. Hank é
o único que não toma parte nisso; ele olha de um lado para
o outro chocado e incrédulo.
GAROTOS
- Você não sabe sobre o que está falando!
Ah, cala a boca! Você está sempre se metendo! (etc.)
Hank fica entre as duas facções e levanta as duas mãos,
gritando.
HANK
- Parem, PAREM!
Os outros param e olham para ele.
HANK
- Vamos lá, nós todos sabemos o que é isto.
Não estamos zangados uns com os outros, estamos zangados
com o Mestre dos Magos.
Os outros sabem que ele está certo, parecem embaraçados,
evitando o olhar dos outros.
Hank faz um gesto de desamparo.
HANK
- Eu não sei o que lhes dizer... exceto que está
ficando escuro, e é melhor acharmos um lugar para acampar.
(pausa, e então para o Eric)
- Você faz questão, Eric? Então está
bem. Lidere o caminho.
Eric parece um tanto ofendido com Hank, então se vira e toma a
estrada do leste. Os outros o seguem. Hank assiste. Bobby e Uni são
os últimos; Bobby se vira e olha para Hank. Hank começa
a andar, com um olhar impassível.
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CORTE PARA:
MAR DAS TRISTEZAS - NOITE - PRÓXIMO AO BOSQUE.
Uma pilha de galhos secos está na areia. Uma flecha de energia
os atinge, ateando-lhes fogo e transformando-os em uma fogueira. Os garotos
e Uni estão sentados em pedras e troncos em volta do fogo. Hank
larga o arco e senta com eles. Ao fundo podemos ver os reflexos da lua
brilhando na superfície do mar. Ouve-se o som de ondas batendo.
DIANA
- Talvez não fosse realmente o Mestre dos Magos.....
Eric mexe na fogueria com um graveto. Fagulhas se espalham.
ERIC
- Era ele. Você acha que eu não o reconheceria?
(pausa, e num tom revoltado)
- Todo esse reino é uma prisão, sabiam? E nós
somos todos prisioneiros. Nós pensamos que o Mestre dos
Magos era nosso amigo, mas agora sabemos que ele não passa
de outro guarda.
Sheila se aproxima do fogo, tremendo mais de medo do que de frio.
SHEILA
- O que vamos fazer agora? Se o Mestre dos Magos nos abandonou,
quem vai nos ajudar?
VINGADOR
- Eu vou ajudá-los.
Todos eles conhecem aquela voz. Em um intante todos estão de pé,
armas prontas, encarando a escuridão que cerca a fogueira. O Vingador
dá um passo para fora da escuridão entrando no círculo
de luz da fogueira. Uni se esconde atrás de Bobby. O Vingador ergue
as mãos em sinal de paz.
VINGADOR
- Fiquem calmos, meus jovens inimigos. Eu não vou feri-los.
Hank olha cheio de suspeita por trás de uma flecha de energia
pronta para disparar.
HANK
- Mexa-se bem devagar, Vingador.
Um dos cantos da boca do Vingador ergue-se suavemente ao ouvir o aviso
de Hank. Ele olha para os garotos.
VINGADOR
- Então, o Mestre dos Magos finalmente mostrou sua real
face. Vocês nunca se perguntaram porque os conselhos dele
sempre os levaram para batalhas, e nunca de volta para seu próprio
mundo?
Eric, Sheila e Presto parecem indecisos. Bobby, Diana e Hank continuam
mantendo suas armas prontas. Apenas as ondas quebram o tenso silêncio.
VINGADOR
- Tem sido conveniente para vocês encarar o Mestre dos
Magos como bom, e a mim como mau. Mas as coisas não são
tão simples.
O Vingador olha fixamente para as chamas.
VINGADOR
- Eu lhes permiti viver antes. Ajudem-me agora, e eu lhes concederei
o seu maior desejo. Eu os mandarei de volta para seu mundo.
Ele faz um gesto para as chamas. Elas aumentam, formando um portal miniatura
no qual é possível ver o parque de diversões. Eric,
Sheila e Presto olham esperançosamente para a imagem tremeluzente.
VINGADOR
- Longe, ao sul, situa-se a Fronteira do Reino. Lá vocês
encontrarão um cenotáfio. Uma tumba vazia. Dentro
está uma chave, a qual vocês devem lançar
dentro do Abismo.
O Vingador faz outro gesto e a imagem desaparece ao mesmo tempo em que
uma onda quebra particularmente alto.
VINGADOR
- Façam isso, e vocês voltarão para casa.
Vocês têm a minha palavra.
A chama aumenta novamente, mais alta que nunca. Quando diminui, o Vingador
desapareceu. Eles olham uns para os outros, sem fala. Repentinamente Hank
dispara para o céu a flecha que estava preparada em um gesto de
desafio. Ela explode acima das suas cabeças com um clarão,
fornecendo uma luz sinistra.
HANK
- Esqueça Vingador! De jeito nenhum nós vamos trabalhar
para você!
Eric dá um passo a frente.
ERIC
- Espere um minuto, Hank. Que opção nós
temos? O Mestre dos Magos nos abandonou... o Vingador pode ser
nossa única passagem de volta.
Presto se junta a Eric.
PRESTO
- Eu acho que o Eric tem razão, Hank. O Vingador é
cruel, mas tem um código. Eu acredito nele.
Sheila se junta a eles.
SHEILA
- Eu também. Tudo que eu quero é voltar para casa,
e não me importo com quem será o responsável
por nos mandar de volta.
Hank, Bobby, Uni e Diana olham para os outros incrédulos.
DIANA
- Vocês não podem estar falando sério. Vocês
sabem que o Vingador significa encrenca.
Hank se dirige a Eric e estende uma mão a ele.
HANK
- Nós temos ficado junto, Eric...
Eric afasta a mão, com raiva.
ERIC
- E daí, Hank? Nós temos ficado sempre juntos,
e isso não nos levou para casa.
(pausa)
- Vocês podem fazer o que quiserem, mas nós vamos
atrás daquela chave.
Ele se vira e vai embora. Presto hesita e então o segue. Sheila
se vira e olha para Bobby.
SHEILA
- Bobby, você não vai mudar de idéia?
Bobby parece muito jovem e indeciso, mas ele sacode a cabeça e
se aproxima de Hank.
BOBBY
- Eu acho que você está cometendo um erro, Sheila.
Sheila se vira e corre em direção à escuridão
atrás dos outros. Hank, Bobby, Diana e Uni assistem a partida deles.
Ouve-se o som das ondas.
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CORTE PARA
PRAIA - NOITE
As ondas, espumantes com o sal, quebram na praia. Um velho galeão
está encalhado lá, as velas estão balançando
em farrapos, salpicos de sal brilham ao luar. Eric, Presto e Sheila sobem
ao convés destroçado.
ERIC
- Você acha que pode fazer essa coisa voar, Presto?
Presto tira o chapéu e faz um passe mágico sobre ele, franzindo
o rosto em concentração.
PRESTO
- A mágica no chapéu libertamos,
Deixe-nos voar pelo céu, como no mar navegamos.
Um arco de luz mágica cintilante surge do chapéu, envolvendo
o galeão e o erguendo, com muitos rangeres de madeira velha, livre
da areia. O galeão levanta vôo, o restante das velas voam
inutilmente. Eric está na proa, olhando seriamente para a frente.
Sheila está logo atrás dele.
SHEILA
- Nós estamos fazendo a coisa certa, Eric?
Eric não olha para ela.
ERIC
- Eu não sei. Mas nós não vamos desistir.
CORTE PARA:
ACAMPAMENTO
Hank, Bobby, Uni e Diana estão junto aos restos do fogo que vai
se apagando, observando a silhueta do galeão passar pelas três
luas.
HANK
- Nós temos que alcançar a Fronteira do Reino primeiro,
de alguma maneira...
Um rugido o interrompe; todos olham para longe e reagem. Um enorme Dragão
de Bronze ruge e pousa na beira d'água, suas asas espalhando espuma
e areia. Bobby dá um passo atrás com precaução,
erguendo sua clava.
BOBBY
- Exatamente o que precisávamos, mais problemas!
Uni se manifesta. Diana dá um passo a frente.
DIANA
- Espere, Bobby. Este é um dragão de bronze, ele
pode nos ajudar.
O Dragão de Bronze observa Diana enquanto ela se aproxima com
sua vara erguida. Ela dá leves pancadinhas em seus chifres com
sua vara, como um guia indiano tranquilizando um elefante. Com uma bufada,
o dragão abaixa sua cabeça. Diana olha trinfante para os
outros.
DIANA
- A bordo!
Bobby, Uni e Hank se juntam a Diana nas costas largas do dragão.
Há espaço suficiente para Uni se aconchegar no meio de duas
das enormes placas que o dragão apresenta nas costas. Diana senta
logo atrás dos chifres da fera.
HANK
- Espero que você saiba o que está fazendo, Diana.
DIANA
- Eu também.
Ela dá uma leve batida nos chifres do dragão novamente.
Com um rufar de asas, a grande criatura ergue-se no céu noturno.
O dragão de bronze voa atrás da forma do galeão que
vai sumindo na distância...
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PASSAGEM SUAVE PARA:
REINO - VISTA AÉREA - AMANHECER
Assim como a cena anterior, o dragão de bronze continua perseguindo
o navio voador. Eles estão voando para o sul sobre uma terra pedregosa
e árida que vai subindo em direção às distantes.
No oeste, os dois sóis estão nascendo.
Diana, Bobby e Uni estão adormecidos, enroscados nas cavidades
entre as placas à frente das asas que batem. Hank está em
outra cavidade, olhando seriamente para frente, o vento batendo em seus
cabelos. Ele olha para o galeão. Diana toca seu ombro. Ele se volta
para vê-la atrás dele, esfregando os olhos sonolentamente.
DIANA
- Você devia dormir um pouco.
Hank olha para a distância, franzindo o cenho.
HANK
- Por que você acha que estamos aqui, Diana?
DIANA
- No Reino?
(pausa)
- Eu sempre pensei que fosse para derrotar o Vingador.
Hank olha para a frente novamente.
HANK
- Eu também, mas estou começando a imaginar. Talvez
o Vingador esteja certo sobre uma coisa... talvez as coisas não
sejam tão simples.
BOBBY
- Ei, olhem!
Bobby e Uni estão acordados agora. Ele está em cima de
uma das placas, apontando para a frente agitadamente. As Montanhas de
Fogo estão se aproximando e pode-se ver que elas são vulcões,
na verdade. Cortinas de fumaça e cinza flutuam sobre caldeirões
de lava borbulhante. Fontes incandescentes espirram. Nenhum dos picos
está a ponto de entrar em erupção, mas todos juntos
se apresentam como um desafio perigoso.
O galeão serpenteia no seu caminho através dos picos mortais.
Eric olha para cima e engole em seco ao passar próximo a um lago
de fogo.
ERIC
- Ei, nós estamos indo mais devagar, Presto!
Presto tira seu chapéu e o sacode tentando tirar mais mágica
dele. Nada acontece.
PRESTO
- Acho que o meu feitiço está ficando sem combustível.
Sheila olha para trás.
SHEILA
- Eles estão nos alcançando.
O Dragão de Bronze voa através das nuvens de cinza. Hank
está encostado a uma das placas, olhando para baixo.
HANK
- Parem! Por favor!
Eric olha para cima desafiadoramente.
ERIC
- De jeito nenhum! Esta é a nossa última chance
de ir para casa!
Hank fica zangado. Ele pega o arco.
HANK
- Então que seja como vocês querem..!
Diana agarra a sua mão.
DIANA
- Hank! O que você está fazendo?
HANK
- Eu vou forçá-los a descer!
Ele se livra do braço de Diana e dispara uma flecha para baixo.
Eric ergue o seu escudo; a flecha ricocheteia e atinge direto uma das
rochas derretidas e ferventes, causando uma tremenda erupção.
Uma chuva de fragmentos ardentes cai no convés, ateando fogo ao
restante das velas em trapos. Nuvens brilhantes envolvem o barco. Sheila
e Presto se juntam sob o escudo de Eric assim que pedaços de enxofre
os atingem. Fumaça obscurece a cena enquanto Sheila, Eric e Presto
gritam com medo.
No dragão, Hank, Bobby, Uni e Diana olham horrorizados.
BOBBY
- Hank! O que foi que você fez?
Enquanto isso, pedaços em chamas são lançados da
cratera em atividade, para dentro das crateras próximas. Um lado
inteiro da montanha explode, enviando um vento queimante de rocha, uma
nuvem mortal de gás incandescente e pedra em pó.
A medida que o vento mortal vem em sua direção, Hank, Diana,
Bobby e Uni gritam apavorados. O dragão de bronze vira em uma tentativa
de escapar da nuvem de pedra super aquecida.
FADE OUT
|
FIM
DO ATO UM
|
ATO
DOIS
|
FADE IN
MONTANHAS DE FOGO - DIA
Erupções explodem com força total, e o vento de
rocha vem se aproximando do dragão de bronze, que se esforça
para ultrapassá-lo.
Hank, Diana, Bobby e Uni se agarram por suas vidas. Hank olha para trás
para o vento que se aproxima, vindo como uma onda negra.
HANK
- É muito rápido para nós!
Uni bale apavorada. Diana se aproxima com sua vara e dá pancadinhas
no dragão debaixo do focinho.
DIANA
- Suba! Suba!
O dragão de bronze sobe assim que o vento de rocha vaporizada
passa, não os atingindo.
PLANÍCIE DE LAVA - DIA
O céu está avermelhado, com as Montanhas de Fogo ao fundo.
Rios de lava brilham ao longo do horizonte. O exausto dragão de
bronze pousa. Hank, Diana, Bobby e Uni descem, e o dragão de bronze
parte. Os quatro, deprimidos, viram-se para olhar a fileira de fogo na
distância. Bobby está chorando.
BOBBY
- Eles não conseguiram, né?!?
DIANA (com falso ânimo)
- Claro que eles conseguiram! Eles já passaram por coisas
piores que isso!
Bobby a ignora, olhando para Hank.
BOBBY
- Hank?
Hank olha fixamente para a pira funerária dos amigos. Seus ombros
estão caídos, ele abaixa sua cabeça.
HANK
- Sinto muito Bobby. O erro foi meu.
Bobby se vira e vai embora. Diana se aproxima e coloca sua mão
no ombro de Hank
DIANA
- O que nós fazemos agora, Hank?
Hank se endireita. A vida continua.
HANK
- Os vulcões não vão permitir que voltemos.
Nós temos que continuar... para a Fronteira do Reino.
Hank se vira e olha na outra direção, assim como Diana.
A planície continua por uma longa distância, e ao seu final,
uma colina que se extende nas duas direções, tão
longe quanto eles podem ver. No topo, vagamente visível, está
o cenotáfio, uma torre solitária, em ruínas, no topo
do mundo.
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CORTE PARA:
OUTRA PARTE DA PLANÍCIE - DIA
Eric, Sheila e Presto estão achando o caminho através da
planície de lava negra. O galeão naufragado e queimado é
visível ao fundo. Sheila sobe com dificuldade até o topo
de um pedregulho anguloso e olha de um lado para o outro.
SHEILA
- Bobby? Bobby?!
Eric olha para ela.
ERIC
- Algum sinal deles?
O vento faz o manto de Sheila mexer. Ela dá uma olhada final ao
redor e baixa a cabeça.
SHEILA
- Nenhum. Eles devem ter....
Ela esconde o rosto nas mãos e cai de joelhos no pedregulho. Eric
também baixa a cabeça. Presto olha para ele com simpatia.
PRESTO
- Não foi sua culpa, Eric.
ERIC
- É, tá certo. Alguém mais usou meu escudo
para desviar a flecha de energia para dentro do vulcão.
(pausa)
- Se não fosse você usar seu chapéu magico
para nos libertar, seríamos carvão agora.
Sheila desce para se juntar a eles.
ERIC
- Vamos. O mínimo que eu posso fazer é achar a
chave do Vingador e levar vocês dois para casa.
Ele se volta e caminha penosamente. Presto, preocupado com seu amigo,
o segue. Após um momento, Sheila fecha a retaguarda. Há
lágrimas em sua face.
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CORTE PARA:
FRONTEIRA DO REINO - DIA
O cenotáfio surge, alto como um arranha-céu, na borda do
penhasco. Em uma sacada próximo ao topo, estão duas figura:
o Vingador e o Mestre dos Magos. Eles olham para baixo.
VINGADOR
- Você vai perder, velho. O desejo deles de voltar para
casa é mais forte do que qualquer outra coisa. Sem o seu
apoio eles vão desmoronar.
O Mestre dos Magos parece preocupado, mas está determinado a não
permitir que o Vingador o atinja.
MESTRE DOS MAGOS
- A coragem deles não vai lhes falhar. Ele farão
o que deve ser feito.
É possível ver os dois grupos de garotos seguindo vagarosamente
seu caminho em direção à torre de lados opostos.
O terreno irregular oculta um grupo do outro.
VINGADOR
- Veremos. O que há no cenotáfio vai testar a coragem
deles.
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CORTE PARA
ENTRADA DO CENOTÁFIO - DIA
A porta é gigantesca e no formato estilizado de uma cabeça
de dragão. Suas mandíbulas são as molduras da entrada.
Hank, Diana, Bobby e Uni param em frente a ela.
DIANA
- Aqui estamos nós. E agora, o que fazemos?
Hank se apoia desanimado contra a porta.
HANK
- Eu não sei, Diana. Acho que chegamos tão longe
quanto podemos ir.
(pausa)
- Parece que guiei a gente direto para o desastre.
Eles olham uns para os outros, sem saber o que dizer. Uni se aproxima
de Hank, que descansa sua cabeça na mão em atitude de desespero,
quando....
ERIC
- Ei, veja o lado bom das coisas - vocês nos chegaram antes
da gente.
Todos pulam e olham na direção da voz, reagindo com alegria.
HANK (alegria incrédula)
- Eric!
Eric está sobre uma pequena afloração, sua capa
flutuando por trás dele, parecendo atrevido. Sheila e Presto sobem
e entram em cena por trás dele.
SHEILA (em êxtase)
- Bobby!
Ela desce correndo. Sheila e Bobby correm um para o outro e se abraçam.
Os outros abraçam-se uns aos outros. Uni salta em volta deles balindo
de alegria.
GAROTOS
- Cara, estou contente em te ver! Nós pensamos que vocês
já eram! Como vocês escaparam daquilo! Nunca mais
vamos nos separar!
Hank e Eric estão com as mãos nos ombros um do outro.
ERIC
- Estou muito contente que vocês estejam bem. Agora tudo
que temos a fazer é conseguir aquela chave e ir para casa.
Hank se afasta de Eric parecendo surpreso.
HANK
- Vocês não continuam pensando em fazer isso, não
é?
Vemos, que conscientemente ou não, eles se dividem novamente em
dois grupos.
ERIC
- Pode apostar que estamos. Eu quero dormir na minha própria
cama esta noite.
DIANA
- Eric, você ainda está dormindo, e sonhando, se
pensa que o Vingador vai cumprir sua promessa.
SHEILA
- Se houver a menor chance, nós temos que tentar.
Hank fica diante da porta.
HANK
- Esqueça Eric! Ninguém abre essa porta!
ERIC (em desafio)
- Isto é o que você pensa! Presto, mostre a ele!
PRESTO (em dúvida)
- Bem... tá certo....
Presto tira o chapéu e o aponta para a porta. Um raio de força
mágica explode de dentro do chapéu, surpreendendo o jovem
mágico tanto quanto os outros.
Hank tenta se esquivar quando o raio se aproxima, mas uma projeção
dele o ergue e gentilmente o põe de lado, enquanto a força
principal do raio atinge a porta do cenotáfio, rachando-a.
Eric, Presto e Sheila correm para dentro do cenotáfio.
ERIC
- Com essa são três, Presto. Vocês está
no topo da lista.
Hank, Diana, Bobby e Uni estão presos pelo restante do feitiço
de Presto.
No momento em que eles conseguem se livrar, já não há
sinal dos outros.
HANK
- Nós temos que impedí-los, eles estão caindo
direitinho nas mãos do Vingador.
Eles também correm para o cenotáfio e entram em uma câmara
enorme e vazia, com uma porta lateral dirigindo a uma escadaria. Eric,
Presto e Sheila já estão subindo quando uma flecha de energia
atravessa o ar acima das suas cabeças, parando-os.
Eric olha para trás, Hank, Bobby, Uni e Diana estão na
entrada. Hank tem outra flecha pronta para disparar.
HANK
- Não faça isso, Eric!
ERIC (calmamente)
- Como você vai me impedir, Hank?
Hank tem uma flecha pronta, mas não apontada. Agora ele a aponta.
Diana e Bobby olham para ele ansiosamente.
HANK
- Eu não sei, mas nenhum de nós quer saber como.
Todos estão na tensão da espera quando o chão treme
repentinamente, acompanhado por um estrondo. Todos olham em volta com
apreensão.
SHEILA
- O que foi isso?
O estrondo começa novamente, muito mais forte agora. Enormes pedras
racham. As rachaduras surgem de um centro, tornando-se fissuras. Das fissuras
começam a fluir jorros de um protoplasma viscoso e translúcido,
parecendo geléia. Os jorros começam a fluir na direção
de Diana, Hank, Bobby e Uni, pseudópodes erguem-se e procuram cegamente
por eles. Hank empurra Diana e Bobby em direção às
escadas.
HANK
- Saiam do chão! Rápido!
Eles sobem rapidamente as escadas. O chão agora está coberto
com a massa semi-sólida, a qual começa a fluir atrás
deles. Ela se ergue em um formato de ameba gigante fazendo sons repugnantes.
Hank, Diana, Bobby e Uni se juntam aos outros e todos começa a
subir de costas a escadaria. A criatura amebóide os persegue, quase
alcançando as patas de Uni. Ele pula selvagemente para evitá-la.
Os garotos recuam novamente, armas prontas. A criatura amebóide
os segue, faminta.
DIANA
- O que é isso?
PRESTO
- O que quer que seja, ela sabe o que nós somos: almoço!
Hank aponta a flecha que estava preparada anteriormente para baixo.
HANK
- Ah, é? Vamos ver se ela gosta do nosso tempero.
Ele dispara a flecha. A criatura está quase preenchendo toda a
escadaria por trás deles. A flecha se aproxima. Um pseudópode
ergue-se e envolve a flecha sem nenhum efeito visível, salvo por
uma ondulação luminosa que desce pelo pseudópode
abaixo. Então toda a massa se avoluma em frente novamente.
ERIC (engolindo em seco)
- Parece que ele gostou mesmo!
Presto dá um passo a frente, uma mão agitando o ar sobre
o chapéu.
PRESTO
- Deixa eu tentar!
Ele enfia a mão no chapéu e retira uma esfera brilhante
de mágica, a qual ele lança para baixo. A criatura absorve
a esfera mágica do mesmo modo que fez com a flecha e com o mesmo
resultado. Ela começa a se apressar na direção deles.
Presto parece desanimado. O grupo continua recuando escadas acima. A criatura
está se aproximando.
PRESTO
- Onde está Steve McQueen quando a gente precisa dele?
DIANA
- É melhor pensarmos em alguma coisa. Esse pote de geléia
significa problemas.
Bobby ergue seu tacape com determinação.
BOBBY
- Ah é? Eu também!
Bobby corre. Sheila tenta segurá-lo, mas não consegue.
SHEILA
- Bobby! Cuidado!
O horror Lovecraftiano (n.t.: de H.P. Lovecraft, autor de contos de
horror) ergue-se ameaçadoramente acima de Bobby assim que ele
se aproxima. Bobby bate com seu tacape em uma das paredes da escadaria,
e em seguida, na parede oposta. As paredes racham e desabam, enterrando
a criatura debaixo de toneladas de pedra enquanto Bobby corre de volta.
Os garotos saem do meio da poeira e dos fragmentos de rocha.
SHEILA
- Bobby? Tudo bem com você?
Depois de um momento, Bobby corre para fora da nuvem de poeira.
BOBBY
- Boas e más notícias... aquela coisa está
soterrada.
A nuvem de poeira começa a baixar, revelando a escadaria bloqueada.
BOBBY
- Mas nós não podemos voltar pela escada.
Eric olha para Hank com satisfação.
ERIC
- Isto siginifica que nós temos que subir.
Hank olha para ele e concorda lentamente.
HANK
- Você ganhou, por enquanto.
Todos se viram e continuam subindo.
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CORTE PARA
INTERIOR DO SANTUÁRIO - DIA
A parte mais alta do cenotáfio é o santuário, um
câmara ernorme, como uma catedral, com uma abôbada gigante
em uma parede e um sarcófago ornamentado no meio do chão,
a tampa esculpida no formato de uma figura em repouso. A parede oposta
à abóbada ruiu, revelando o abismo além do Reino.
A escadaria termina em outra parede. O Vingador e o Mestre dos Magos estão
ao lado do sarcófago.
MESTRE DOS MAGOS
- Eles estão vindo, Vingador, duvidando e suspeitando
uns dos outros e da sua jornada, mas ainda vindo
VINGADOR
- Bah! Eles ainda podem falhar, e falharão!
O Vingador olha para a figura esculpida na tampa do sarcófago
com uma expressão indecifrável, e então se vira.
Não é possível ver os traços da figura deste
ângulo.
VINGADOR
- Não cante vitória ainda, velho.
O Mestre dos Magos se aproxima da tampa do sarcófago e olha para
ela. Não é possível ainda ver o que há nela
claramente.
MESTRE DOS MAGOS (criticamente)
- Não serei eu o vencedor, Vingador, será você.
Ele se volta ao som de passos
MESTRE DOS MAGOS
- Eles estão aqui.
Da escada, surge Eric, seguido pelo resto. Ele para e olha em volta.
ERIC
- Então é isso. Não parece lá grande
coisa.
O santuário agora está vazio, exceto pelo sarcófago
e pelos garotos. Diana aponta para a parede desmoronada e o abismo além.
DIANA (perplexa)
- Vejam...
Os garotos se aproximam cautelosamente da parede ruída e olham
através dela para o abismo derradeiro.
BOBBY (perplexo)
- Continua para sempre....!
Na Fronteira do Reino, um desfiladeiro infinito mergulha na noite nevoenta
milhares de milhas abaixo. Estrelas piscam nas profundezas. Vagamente
visível é a sugestão de pilares titânicos,
do tamanho de continentes, que apoiam o Reino.
Sheila se aproxima da abóboda. Quase oculto entre o entalhe da
ornamentação está o buraco de uma fechadura.
SHEILA
- Há uma fechadura aqui. Isso é uma porta.
Presto se aproxima do sarcófago e olha para o rosto da figura
esculpida ali. Ele reage com espanto.
PRESTO
- Vejam... na tampa. É o...
Finalmente é possível ver claramente a figura esculpida.
É um homem em roupagem de guerreiro, braços cruzados sobre
o peito. Sua face, apesar de nobre e serena e sem as presas, chifre e
asas e outras características do mal, é, sem dúvida,
a do Vingador.
PRESTO
- Vingador!
Os outros se juntam ao redor, fitando a figura.
BOBBY
- Eu não entendo. Quem iria querer fazer o velho cabeça
de chifre parecer bom?
Eric olha para a figura.
ERIC
- Só há uma maneira da gente descobrir.
(pausa)
- Abrindo.
Os garotos se alinham de um lado do sarcófago e empurram a pesada
tampa de pedra. Com um som de atrito de pedra com pedra, ela escorrega
de cima. Ao mover-se lentamente, a tampa revela o interior do sarcófago.
Está vazio, salvo por uma chave comum que está no fundo.
Eric alcança e agarra a chave.
ERIC
- Conseguimos a chave! Agora, tudo o que temos a fazer é
jogá-la no abismo.
Ele se volta para o abismo. Hank se coloca na frente dele.
HANK
- Você ainda não entendeu? Nós jamais voltaremos
para casa confiando no Vingador.
Os outros olham para os dois, que estão cara a cara.
ERIC
- Saia do meu caminho, Hank.
Hank sacode a cabeça.
HANK
- Não! Eu estou certo sobre isso... eu sei!
Eric ergue o seu escudo, e então, de repente, todos são
derrubados por um tremor próximo ao sarcófago. Eles gritam
de surpresa. A criatura amebóide surge e se ergue do chão,
pseudópodes se lançando em todas as direções.
Os garotos se espalham para evitá-la.
GAROTOS
- Vejam! A coisa voltou! Cuidado com os tentáculos. (etc..)
Eric está segurando a chave. Um pseudópode vai em sua direção,
agarrando seu escudo e jogando-o longe. Eric aterrisa próximo ao
abismo. Ele olha para a chave e então ergue sua mão para
jogá-la lá.
A mão de Hank surge e segura o punho de Eric.
HANK
- Não!
Eric tenta se libertar de Hank.
ERIC
- Me larga!
Diana recua ante uma onda da criatura, a vara estendida em sua frente.
Um pseudópode se projeta da massa principal e agarra a vara, puxando
Diana em sua direção. Diana se apoia com força sobre
seus pés, mas a coisa é muito forte para ela.
Presto está segurando seu chapéu a medida que vai recuando
do horror que se aproxima.
O chapéu brilha, mas antes que qualquer coisa possa emergir, um
pseudópode agarra-o, fechando-o e prendendo as mãos de Presto.
A coisa ergue Presto do chão. Ele balança indefeso na garra
do pseudópodo.
PRESTO
- Ei!
Eric e Hank estão de pé agora, ambos agarrando a chave.
Hank está de costas para o abismo.
ERIC
- Me deixa jogar a chave! Você quer ser um prisioneiro
para sempre?
Os olhos de Hank se arregalam com uma idéia repentina.
HANK
- Eric! Lembra quando você falou que todo o Reino é
uma prisão?
Eric continua segurando a chave enquanto Hank fala.
HANK
- Acho que você está certo! Todos nós somos
prisioneiros aqui... incluindo o Vingador! E essa é a chave!
Uni está encurralada em um canto. Um pseudópode agarra-a
e a ergue. Uni bale de medo.
Sheila abaixa seu capuz sobre sua cabeça quando outro pseudópode
a alcança. Ela se torna invisível, mas a criatura evidentemente
usa outros sentidos além da visão para agarrar sua presa.
Ela se enrosca em torno da forma invisível de Sheila, que grita.
O capuz cai e ela se torna visível de novo a medida que também
é erguida, esperneando.
Bobby está de costas em outro canto, balançando seu tacape
para manter um pseudópode a distância. Ele está vendo
o que está acontecendo.
BOBBY
- Sheila! Uni!
Ele ergue seu tacape sobre sua cabeça e bate no chão com
ela. A onda de choque ondula pela forma protoplasmática, fazendo
com que largue Sheila, Uni, Diana e Presto, que caem no chão. A
onda de choque derruba Hank e Eric. Hank larga a chave, deixa o arco cair
e tropeça para trás. Ele paira por um momento, os braços
se sacudindo, na fronteira do infinito, e então cai, com um grito.
Eric tenta segurá-lo, mas é muito tarde.. ele se foi.
ERIC
- Hank!
A criatura se recupera dos efeitos da pancada de Bobby. Os garotos estão
reunidos juntos agora. A criatura se aproxima deles como uma onda sensitiva,
cercando-os. Eles tentam se libertar, mas é como correr através
de óleo grosso. O protoplasma flui ao redor deles, mais um momento
e ela vai envolvê-los completamente. Os garotos resistem.
Eric olha para seus amigos e então para o abismo. Ele olha para
a chave em sua mão.
Repentinamente, o Vingador se materializa em sua frente. Ele aponta para
o abismo.
VINGADOR
- A chave, Cavaleiro! Lance-a no abismo... ou você não
vai ver sua casa nunca mais.!
Eric olha para o abismo e depois na direção oposta. Há
um "close" na fechadura. Eric toma uma decisão... ele se volta
e corre em direção à abóboda. O Vingador abre
suas asas em ira.
VINGADOR (rugindo)
- Pare!
Ele lança um raio mágico em direção a Eric,
que usa o escudo para apará-lo, fazendo com que cambaleie, mas
ele continua correndo. O Vingador ergue sua mão para arremessar
outro raio, mas neste momento um pseudópode surge, envolvendo-o,
segurando suas mãos. Ele resiste. Sob a abóbada, Eric faz
uma pausa.
ERIC
- Hank, é melhor você estar certo..!
Ele enfia a chave na fechadura e a gira. O Vingador se liberta do pseudópode
com um estouro de magia. Seus olhos se arregalam ao se dar conta de que
é muito tarde.
VINGADOR
- Não!
Sob a abóboda, a porta se escancara. Uma cascada de luz cintilante
sai, momentaneamente revelando a silhueta de Eric, que tropeça
para trás. As forças pirotécnicas varrem tudo a frente
com muito barulho.
As cabeças dos garotos já estão quase cobertas pela
massa da criatura, quando a força da luz os atinge. A criatura
diminuie e desaparece em um clarão de luz. Os garotos caem no chão.
O Vingador dá um passo para trás, erguendo as mãos
em uma tentativa inútil de evitar a magia, a qual o envolve. Ele
grita com horror.
|
CORTE PARA
CENOTÁFIO VISTO DE FORA E DE LONGE
Jorros de mágica irrompem da torre, se espalhando por toda a Fronteira
do Reino e além.
CAMPOS - DIA
Diversos servos estão trabalhando na lavoura. Um raio mágico
da abóboda se espatifa próximo a eles como um meteorito
incandescente e um portal abre, mostrando o sol solitário da Terra
brilhando sobre uma cidade medieval. Os servos largam suas ferramentas
e correm em direção ao portal com gritos de alegria.
PLANÍCIES - NOITE
Outro raio mágico rasga um portal próximo a um grupo de
Homens Lagarto. O mundo que aparece para eles é um com uma selva
tropical, com três sóis vermelhos brilhando. Os homens lagarto
correm em direção ao portal com sibilos de alegria.
REINO - VISTA GERAL
Uma visão geral mostra que raios provenientes do cenotáfio
estão caindo em todas as partes do Reino, criando portais assim
que atingem o solo.
CIDADELA DO VINGADOR - DIA
Orcs, Bulliwogs e outros servos do Vingador correm com gritos de terror
a medida que um raio vem em direção da cidadela. O Demônio
das Sombras surge, reagindo à destruição que se aproxima,
levantando suas garras. Um momento depois a cidadela é atingida
e destruída pelo raio.
|
CORTE PARA
INTERIOR DO CENOTÁFIO - ABÓBODA
Assim que o último dos jorros mágicos sai, deixando Eric
sentado, perplexo perante uma abóboda enorme e vazia, Diana, Sheila,
Presto, Bobby e Uni correm em sua direção. Presto ajuda
Eric a se levantar.
ERIC (com um sussurro)
- Vocês viram aquilo?
PRESTO
- Você está brincando? Nós estávamos
todos por aqui.
DIANA
- Parece que Hank tinha razão...
Eric reage com um choque.
ERIC
- Hank!!
Ele corre. Os outros o seguem. À beira do Abismo os garotos se
juntam e olham para baixo, temendo o pior. Então eles sorriem com
alívio.
HANK
- Bem, não fiquem simplesmente aí....
Hank está se segurando em uma ponta rochosa sobre o abismo.
HANK
- Me tirem daqui!
Diana estende sua vara para Hank. Ela brilha enquanto ele se puxa, uma
mão a frente da outra até ficar ao lado do grupo. Ele pega
seu arco e olha em volta.
HANK
- Ei! O que está acontecendo ao Vingador?
Todos olham e reagem a medida que uma luz tremeluzente começa
a brilhar. O Vingador continua seguro pelo feitiço luminoso. Ele
começa a se transfigurar, tornando-se aquela figura nobre e majestosa
cuja semelhança está esculpida no sarcófago. Ele
olha para si mesmo incrédulo. Quando fala, sua voz é aquela
do Vingador, mas sem o tom sinistro. Os garotos assistem com espanto.
Hank ergue seu arco em um gesto de triunfo.
HANK
- Eu estava certo! Nossa missão no Reino não era
derrotar o Vingador... era redimí-lo!
O novo Vingador se aproxima dos garotos. Então, na frente deles,
um clarão de luz prismática aparece e toma a forma do Mestre
dos Magos. Ele olha para o Vingador e sorri. O Vingador se ajoelha perante
ele.
VINGADOR
- Pai... eu retornei.
Uni lambe a mão do Vingador enquanto o Mestre dos Magos, com lágrimas
nos olhos se volta para os garotos.
MESTRE DOS MAGOS (com muita emoção)
- Obrigado, meu jovens pupilos. Vocês fizeram a única
coisa que não estava em meu poder fazer... vocês
trouxeram de volta meu filho para mim.
Os garotos olham uns para os outros confusos.
ERIC (para o Mestre dos Magos)
- Você é o pai do Vingador?
PRESTO
- Não há muito semelhança familiar....
O Vingador sorri.
VINGADOR
- Milhares de anos atrás, eu escolhi seguir outro Mestre,
um do mal. Eu aprisionei neste cenotáfio tudo aquilo que
o Mestre dos Magos havia me concedido. E agora vocês me
libertaram.
O Mestre dos Magos ergue suas mãos e um raio final sai da abóboda,
atingindo o chão próximo aos garotos, formando um portal.
Dentro dele é possível ver o parque de diversões.
Os garotos suspiram.
MESTRE DOS MAGOS
- E vocês deram àqueles, presos neste Reino, a sua
liberdade. Eu não posso fazer menos. Vocês estão
livres para retornar ao seu mundo agora, se vocês quiserem.
Os garotos olham uns para os outros em alegria incrédula à
medida que o Mestre dos Magos prossegue.
MESTRE DOS MAGOS
- Ou vocês podem permanecer aqui, no Reino. Ainda há
muito mal a combater e muitas aventuras a ter.
Os garotos e Uni ficam de frente para o porta, com o Mestre dos Magos
de um lado e o Vingador do outro.
MESTRE DOS MAGOS
- A escolha, meus jovens, é de vocês.
Os garotos olham uns para os outros, sorrindo, lágrimas de felicidade
em seus olhos, prontos para tomar a maior de todas as decisões.
A câmera se afasta, através da parede desmoronada do cenotáfio,
recuando e subindo pela Fronteira do Reino, passando sobre montanhas e
através de nuvens, até que finalmente têm-se uma vista
inacreditável: todo o Reino, com suas miríades de terras
e formas de vida, seus perigos e alegrias; um novo Reino agora, mas ainda,
e sempre: o Reino da Caverna do Dragão.
FADE OUT
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O
FIM
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