Site original: "Cavern of Tiamat"
AS MUITAS FACES
DE BOBBY

Como eu mencionei na parte sobre Sheila, a série seria muito diferente sem Bobby. Os garotos tendo a mesma idade garantiria estabilidade à série. Bobby, sendo muito mais jovem, era o curinga.

Primeiro, ele era o mais agressivo do grupo. Talvez fosse inevitável que ele fizesse o papel de Bárbaro; a maioria dos outros papeis não combinaria com ele. Como um mago, ele seria tão imaturo e descuidado como o Aprendiz de Feiticeiro. Bobby como um Sábio ou Acólito? Esqueça. Ele precisava de um papel em que pudesse explodir à vontade; um papel em que nenhum dos membros adolescentes do grupo poderia representar sem deixar as pessoas um pouco nervosas.

Por essa razão, lhe foi dada uma das armas mais poderosas, ainda que não seja invasiva como o arco de Hank. O tacape é um objeto rude de poder simples e direto. É uma arma imatura para um usuário imaturo: despendendo grandes quantidades de energia sem realmente objetivar nada. Bobby raramente chega a usar o tacape em algo vivo (sendo as regras da televisão infantil o que eram) e se limita a árvores, montanhas, geleiras. Em "Servo do Mal" ele usa o tacape para afastar um dos homens-lagarto, mas aparentemente, não ouve nenhum ferimento.

Ele não é baixo para sua idade (Terry e Jimmy Whittaker proporcionam a escala para alguém da idade de Bobby) mas ele é o singular pré-adolescente do grupo. Felizmente, ele encontrou Uni em algum lugar do caminho e foi capaz de transferir os sentimentos de ser o "bebê" para ela. Na torre dos Cavaleiros Celestiais, a maior ansiedade de Bobby é de que ele poderia voltar a SER um bebê novamente. Não apenas o torna desamparado e incapaz de se defender, como também reduz o seu status no grupo, que ele já pensa que não é lá essas coisas.

Não que ele esteja preocupado com Sheila. A relação deles é incrivelmente livre daquelas rusgas entre irmãos, algumas vezes evidente em família. Quando Bobby desaparece em "Cidade à Margem da Meia-noite", Sheila fica desvairada. Quando Sheila desaparece em "Em busca do Esqueleto Guerreiro", Bobby fica desvairado. Entretanto, ele não fica desvairado a ponto de descaracterizar o personagem. Quando Bobby e Sheila se reúnem em "Servo do Mal", a reação dele à emoção de Sheila é típica: "Ah, pára com isso."

De qualquer forma, os problemas mais óbvios de Bobby são com Eric. Eric gosta de importunar Bobby a respeito de sua altura e sua idade, mas isso não aborrece Bobby. Ele apenas responde de volta. Alguns dos diálogos têm um tom hostil (como os trocados na abertura de "O portal do Amanhecer", mas não tão hostil assim. Na época de "Caverna das Fadas-Dragão" Bobby já é capaz de encarar as piadinhas de Eric na boa.

Uni não é apenas parte do grupo; ela é tratada como o animal de estimação exclusivo de Bobby. Todos parecem aceitar isso, inclusive Uni. Preste atenção em um momento realmente legal em "Em Busca do Esqueleto Guerreiro"; com Sheila desaparecida, Bobby a busca desanimado. Uni se esfrega em Bobby, pedindo que ele afague a sua cabeça; é possível dizer que ela está fazendo isso para consolá-lo. É um bom gesto característico, um daqueles detalhes adicionais que transformam Caverna do Dragão em algo incomum dentre as atrações de sábado.

Cerca de uma dúzia de vezes, o grupo está a ponto de ir para casa, e a decisão tomada é a de deixar Uni para trás, repetindo quase as mesmas palavras para um Bobby entristecido cada vez: "Ela não pertence ao nosso mundo" (Parece que ninguém no grupo sabe algo sobre história e cultura medieval européia para saber que, uma vez, unicórnios PERTENCERAM ao nosso mundo).

Cada um do grupo tem seu modo de falar, mas Bobby é quase idiomático demais. Frases como "Gnarly" [N.T.: a palavra depende do contexto. Pode significar algu muito bacana ou muito chato...] e "no way, Jose" [N.T.: "no way", "de jeito nenhum"] tendem a datar tanto Bobby quanto à série. Para mim, contudo, fantasia sempre precisa ser ancorada pelo menos um pouco em nossa realidade. Bobby faz tudo parecer efetivo, e o faz sem o menor esforço.

Tradução de Silvia Rodrigues, mais acréscimos de Reginaldo Rodrigues de Oliveira • Página criada em 16/01/2000
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