Nenhum dos garotos tem um sobrenome, mas este aqui é digno de pena; ele não tem sequer um PRIMEIRO nome! Ele passa todos os 27 episódios com um apelido, apenas. Até Jimmy Whittaker em "A Cidade à Margem da Meia-Noite" se despede dele prometendo encontrá-lo na escola no dia seguinte: "Então você vai poder me mostrar outro daqueles seus truques idiotas com cartas, hein Presto?".
Então sabemos que Presto tinha interesse em mágica. Tenho a impressão que a maioria dos garotos se interessam por mágica durante um curto período de tempo, com o objetivo de alcançar maiores prestidigitações teatrais e ilusionismo de palco. Muito antes de chegar à idade de Presto, a maioria de nós deixa de acreditar na possibilidade de mágica verdadeira, juntamente com a existência do Papai Noel e da Fada dos Dentes. Ainda assim, Presto é lançado ao Reino, onde a magia é real como o ar, e ele é pego tendo que fazer o melhor que pode.
Fisicamente ele mais baixo que os outros excetuando Bobby, e tem, de vez em quando, o que podemos chamar caridosamente de um "acesso"; tem uma voz aguda, nasal e um tanto desafinada, e é quase cego sem seus óculos. Todas as caracterísitcas que o definiriam como um "NERD"! Ele não é um tipo atlético, e de acordo com suas confidências à Uni em "As Mágicas Desastrosas de Presto”, ele sempre se dava mal nas aulas de educação física.
Como a magia é sua especialidade no Reino, ele veste uma túnica verde esvoaçante e sapatos com ponta enrolada. O chapéu cônico é sua arma; de dentro dele ele dá um jeito de tirar qualquer coisa, desde um cobertor elétrico ("O Traidor"), até um um barbeador sem fio e um coelho de 1,80 m de altura (ambos mencionados, mas apenas o barbeador exibido em "Filho do Astrólogo"), até um canhão do século XIX ("Prisão Sem Muros"), e uma vaca viva ("A Noite Sem Amanhã"). Ele produz um almoço de pequinique para Josef Mueller em "Apagando-se o tempo", mas aparentemente não é capaz de alimentar o grupo com três refeições diárias, já que eles passam um bom tempo procurando comida.
Presto levanta duas questões. A minha primeira pergunta é: Como é que ele enfiou na cabeça que todos os feitiços tem que estar em versos rimados? Essa fórmula leva a alguns encantos esquisitos e engraçadinhos na série (apesar de que eu tenho que confessar que o meu predileto está em "As crianças Perdidas":
Chapéu mágico, serei franco; o que precisamos é de um tanque de duas toneladas. -- Magic hat, I'm gonna be frank; What we need now is a twenty-ton tank.)
Quando um incêndio inesperado começa em "O Traidor", Presto, incapaz de bolar uma rima durante um ataque Orc, declara "Exploda esses vagabundos" (Blow those bums away!). O chapéu espirra (!) e aumenta para o tamanho de um balão de ar quente.
A segunda questão é: em "As Crianças Perdidas", Presto consulta um RELÓGIO DE PULSO! Será isso uma escorregadela do roteirista? Do estúdio de animação? Ou devemos ser apenas caridosos e dizer que Presto o tirou de seu chapéu algum tempo antes, do mesmo modo que produziu um barbeador para o Kosar?
Está bem claro que Presto não pode enxergar além de seu nariz sem os óculos. Este é seu pior temor de acrodo com a Torre dos Cavaleiros Celestiais. Pergunta-se por quê, já que ele já ficou sem os óculos antes. Eles foram brevemente perdidos em "Apagando-se o Tempo" e, conhecendo jovens e seus óculos, é pouco provável que ele fosse muito adiante sem quebrar sequer uma das lentes.
Antes que Presto seja considerado apenas um outro nerd, é preciso lembrar que há algo nele que as mulheres parecem achar realmente atraente. Sheila culpa a si e ao grupo quando Presto fica para trás para estudar com Merlin em "A Noite Sem Amanhã". Diana o beija na bochecha quando um de seus encantos funciona direito em "O Traidor". Amber, o dragão-fada cria uma ligação com ele, assim como a mãe Dragão Dourado (pelo menos brevemente) em "As mágicas desastrosas de Presto". Principalmente há o romance potencial com Varla, certamente a residente do Reino mais bonita que o grupo encontra.
Falando de Varla--eu sei que Jeffrey Scott, que roteirizou "A Última Ilusão", já escreveu em algum outro lugar que muitos dos seus roteiros foram influenciados pela Cientologia, mas em minha opinião "A Última Ilusão" toca em algo muito mais elementar, chegando a uma realidade central, velha como a humanidade.
Tanto o Mestre dos Magos como o Vingador dizem a mesma coisa em "A Última Ilusão", e é muito raro que eles concordem a respeito de qualquer coisa. Ambos, contudo, declaram que Varla, dotado com já é, com o poder de criar ilusões, está à beira de ter seus poderes aumentados exponencialemnte. (Mestre dos Magos: "Ela é dotada de poderes assombrosos--poderes que crescerão com ela". Vingador: "À medida que você crescer, seus poderes crescerão, de maneiras que não podemos nem sonhar.")
Isso não soa familiar? Como, por exemplo, o romance "Carrie, a estranha" de Stephen King? Neste livro a adolescente com poderes do título, experimenta um aumento em suas habilidades depois de seu primeiro ciclo menstrual; em outras palavras, em sua transição da infância para a vida adulta. Sendo um membro do outro gênero, eu não posso falar de cadeira, mas eu já ouvi reclamações bastante para saber que há dores bem desagradáveis que acompanham as regras.
Eu menciono isso apenas porque tanto Varla quanto Presto passam uma boa parte deste episódio em terrível dor física. Alguns de seus diálogos consistem apenas de gemidos e gritos. Obviamente essas dores não são de origem menstrual, exceto talvez, simbolicamente.
O que é interessante é que tanto Presto quanto Varla experimentam as mesmas coisas da mesma maneira. Varla é considerada à beira de uma mudança; a voz de Presto parece estar constantemente à beira de mudar também. Isto se aplica também ao uso que Presto faz da magia. Desde o momento em que ele toca a imagem de Varla no pântano, ele só usa sua mágica uma vez--e mesmo assim, ela é sobrepujada por uma das ilusões de Varla, apesar do Vingador ordenar que o faça. Em resumo, eles funcionam juntos.
Isto, somado ao encontro com os pais de Varla, a sua intercessão com o resto da comunidade a respeito do comportamento de Presto, as constantes exortações do Mestre dos Magos para que Presto "siga seu coração", o assombro de Presto diante de suas próprias mudanças de comportamento, tudo isso em direção ao final maravilhosamente coreografado (começando com o maravilhoso momento em que Presto entra em contato olho-no-olho com Tiamat), transforma "A Última Ilusão" em um fantástico ritual de corte, tendo ou não Scott planejado assim.
De qualquer modo, Presto está situado, em idade, entre Hank e Eric (que é mais velho que Presto) e o mais jovem Bobby. Presto se encontra literalmente no final de sua infância no Reino, no último momento em que a magia--NÃO o ilusionismo teatral--ainda é real. Assim, seus companheiros em literatura inluem os exploradores no livro "The Body" de Stephen King (a base para o filme Conta Comigo) e, mais importante, Will e Jim do livro "Something Wicked This Way Comes" de Ray Bradbury. Mas isso, como dizem, é outra webpage.